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Brinquedos a mais...

Uma sala que parece um campo minado de ursinhos, bolas e bocados de plástico não identificados. Brinquedos no banco de trás do carro, entre os lençóis da cama e às vezes até na máquina de lavar roupa.
Parece uma descrição da sua vida? Se tiver pelo menos um filho com menos de 5 anos, pode muito bem ser. Donde raio vem tanto brinquedo? Reproduzem-se como coelhos durante a noite! Como é que isto aconteceu?

Porque compramos (e compramos e compramos e mais do mesmo)?
Podemos falar de culpa. Os pais, principalmente os que trabalham e os de famílias monoparentais, são motivados pela culpa, e muitas vezes compram brinquedos para acalmar os seus próprios remorsos de não passarem muito tempo com os filhos.
Mas tentar colmatar a falta de tempo de qualidade com os filhos com brinquedos, normalmente não resulta. Os melhores brinquedos são os que motivam a interacção entre pais e filhos. Os fantoches, por exemplo, são óptimos porque as crianças inventam histórias e os pais ficam a saber em que é que os filhos pensam e pode fazer um em casa com uma meia.
As crianças devem ser motivadas a, com diferente materiais: barro, plasticina, água, areia, Legos, tinta, darem asas à sua criatividade. O papel dos pais e dos educadores é do perguntar “O que estavas a pensar quando fizeste isto?” ou “O que é que isto te faz lembrar?”.

O engodo do educativo
Não há embalagem de brinquedo que não fale das vantagens educativas das cores vibrantes e do som do objecto que contém. Muitos deles são desenhados por peritos para estimular o cérebro dos seus filhos, a coordenação mão-olho e desenvolver as suas capacidades auditivas. O que nos faz pensar como é que as pessoas que nasceram antes da década de 1980 conseguem atar os atacadores, ou mesmo compor sinfonias, viajar até à Lua e até descobrir a vacina da poliomielite.
Muitos estudos demonstram que as cores brilhantes e uma variedade de texturas e sons ajudam os bebés a aprender mais sobre o mundo, mas esse tipo de estímulo existe na maioria das casas desses bebés. As crianças fartam-se rapidamente de brinquedos artificiais que não as fazem pensar, apenas lhes exigem que carreguem num botão.
A maioria dos brinquedos comprados nas lojas são inúteis. Só têm uma função e acabam por aborrecer as crianças pequenas porque não permitem que sejam criativas e usem a suas imaginação. O melhor será os pais não comprarem este tipo de brinquedos e apostarem nos já há muito testados Legos, lápis de cor, tintas e bonecos com os quais as crianças brincarão durante anos; já que à medida que vão crescendo vão olhando para este tipo de brinquedos de diferentes perspectivas. Os brinquedos    que apelam à criatividade são caixas vazias, colheres de pau, tachos e panelas, caixas de cereais vazias, e as roupas velhas dos pais. Até aos três anos as crianças brincarão mais com este tipo de brinquedos do que com pedaços de plástico moldados extremamente caros.
A melhor escolha será sempre por brinquedos que as crianças tenham de descobrir como funcionam: puzzles, peças que se empilham ou jogos simples.

Manter um certo status
Acredite ou não, outra razão comum que os pais apontam para comprar toneladas de brinquedos é porque acham que têm de o fazer. A pressão de se equiparar aos outros, induzida pelas visitas às casas das outras crianças muitas vezes faz com que os pais corram às lojas a comprar mais tralha. Os comentários de familiares e amigos sobre se as crianças têm ou não o último grito da moda em brinquedos, faz com que os pais se sintam obrigados a adquirí-los.
Mas comprar as novidades normalmente causa demasiado estímulo visual aos pequenos. Quanto mais brinquedos têm mais birrentos e aborrecidos se tornam. Recomenda-se não a compra excessiva de brinquedos, mas as brincadeiras interactivas e criativas entre pais e filhos. Construir uma relação com os nosso filhos com base na interacção lvre e criativa. Fazer sons, imitar o quá-quá do pato enquanto rebolam juntos no chão.

O regresso ao mais básico
Porque é que os objectos do quotidiano, aparentemente aborrecidos, ganham a atenção das crianças, em detrimento dos brinquedos modernaços? As crianças são curiosas, se ainda vivêssemos na floresta, brincariam com pauzinhos e terra. Querem explorar o meio que as rodeia, é assim que aprendem. Mexendo nas coisas, brincando com elas. É por isso que os objectos mais simples são essenciais. As crianças adoram objectos do dia-a-dia como telefones, panos velhos, caixas de cartão ou copos de medida, porque estes os ajudam a imitar os adultos, que é a forma como as pessoas pequenas aprender a agir como as pessoas grandes.

E agora?
Agora que sabe que as caixas de plástico e as tintas são tudo o que os miúdos precisam para de tornar cientistas espaciais, isso não muda o facto de não conseguir ver o seu sofá debaixo de uma montanha de animais de peluche. Apesar das suas boas intenções, os avós, o Pai Natal, o Menino Jesus e até o seu cartão bancário  conspiraram para que uma montanha de plástico e de pelcuhes que miam, mugem e piam. Agora, o que é que faz? A resposta a esta pergunta reside em 3 palavras mágicas: doar, rodar e emprestar.

Doar
Apesar das dúzias de brinquedos entre os quais podem escolher, cada criança tem alguns que são os seus favoritos. Coloque esses de parte e faça uma pilha de tralha em que o seu filho não toca à meses. Contacte a instituição de solidariedade mais próxima e veja se lhes dá jeito aceitar esses brinquedos, um berçário ou creche, um vizinho que tenha uma criança mais nova e dê.

Rodar
Se não suporta a ideia de dar os brinquedos que tanto lhe custou comprar, esconda-os. Esconder metade da colecção não só reduz a desarrumação como cria brinquedos “novos” quando os mostrar depois de 6 semanas e esconder a outra metade. Os nossos bebés ficam encantados com os “novos” brinquedos escondidos nos seus armários. Até as crianças mais velhas gostam de se reconciliar com os seus antigos favoritos que não viram durante um mês. Este truque não só poupa espaço como dinheiro!

Emprestar
Todos os pais o sabem – o brinquedo que o nosso filho mais deseja pertence a outra criança. É por isso que os grupos de brincadeira são tão populares. As crianças passam-se no quarto de outra criança! É divertido para todos… excepto para o anfitrião. Porque não tornar todos os dias o dia de se encontrar com outras crianças para brincar. Da próxima vez que se encontrar com o seu grupo de amigos, peçam a cada criança que traga cinco brinquedos para emprestar. Marquem cada brinquedo com o nome do proprietário e juntem-nos num monte. Cada criança escolherá novos brinquedos com que poderá brincar durante uma semana. Na verdade, não deu nenhum brinquedo, ganhou cinco novos e não gastou um cêntimo. Os pais ficam felizes. As crianças ficam felizes. Que mais podemos pedir?

in portaldosmiudos.com